Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha e publicada pelo jornal Folha de São Paulo no último dia 4 de junho indicou que a percepção a respeito dos sindicatos melhorou. Em 2017, ano da Reforma Trabalhista proposta pelo governo Michel Temer, 58% dos entrevistados consideravam que as entidades serviam mais para fazer política do que para defender os trabalhadores. Na pesquisa divulgada na semana passada, este entendimento caiu para 50%. Por outro lado, a percepção de que os sindicatos são importantes para defender os interesses dos trabalhadores subiu de 38% para 47%.
A Reforma de 2017 foi o auge recente de um processo de desqualificação do movimento sindical. Com o apoio de parte da opinião pública, o Congresso aprovou o fim da contribuição sindical compulsória e da obrigatoriedade da homologação, pelos sindicatos, das demissões com mais de um ano de trabalho. Além disso, a Reforma estimulou a realização de acordos individuais em detrimento de acordos coletivos entre patrões e empregados.
As consequências não demoraram a surgir. Menos de cinco anos depois, a pesquisa Datafolha aponta que os trabalhadores começam a perceber o quanto perderam. Um exemplo são as negociações anuais entre patrões e empregados para discussão das convenções coletivas de trabalho. De janeiro a abril de 2022, quatro em cada dez reajustes salariais ficaram abaixo da inflação, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A dificuldade em conquistar reajustes que pelo menos recomponham as perdas salariais são resultado do enfraquecimento dos sindicatos, com menos apoio e menos recursos.
Outro exemplo de ameaça são as tentativas do governo Bolsonaro de retirar ainda mais direitos dos trabalhadores, com estudos recentes para uma nova reforma trabalhista que incluiria, entre outras coisas, a criação de um regime alternativo à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a liberação de trabalho aos domingos, a blindagem de bens pessoais de sócios da execução de dívidas trabalhistas, a limitação no poder da Justiça do Trabalho e o fim da multa de 40% do saldo do FGTS em caso de demissão sem justa causa. A proposta provocou forte reação e mobilização das principais centrais sindicais brasileiras.
Em um cenário de crise econômica, desemprego e queda real no valor dos salários, os sindicatos revelam-se ainda mais importantes para se tentar equilibrar as relações entre empregados e empregadores. Fica o nosso desejo para que cada vez mais pessoas compreendam a real importância das entidades sindicais, apoiando-as e participando ativamente da luta em defesa da massa trabalhadora deste país.